“DISPOSITIVO ENANTIODRÓMICO”

Instalação “DISPOSITIVO ENANTIODRÓMICO” (Em parceria com Cátia Morais)

Abstract: A peça resulta de uma estrutura minimalista interrompida por uma outra, disruptiva, que remete o “espectador” para uma condição de “utilizador/participante” da obra e questiona o papel do “outro” numa possível “enantiodromia artística”. Tecnicamente, recorre a uma aplicação desenvolvida em processing, que utiliza visão computacional, para fragmentar e desfragmentar imagens tridimensionais, dispostas holograficamente, capturadas em momentos de ruptura psicológica (que se enquadram na lei da “enantiodromia de Jung) de outro dispositivo (humano).
Assim, o título do projecto aparenta um paradoxo. Pois “dispositivo” remete para o aparato instrumental/tecnológico e a lei da “enantiodromia” para uma teoria psicológica que defende que uma força de um extremo só é compensada com o seu oposto (Carl Jung identificou esse mecanismo como a teoria que regula as leis de compensação do equilíbrio do mundo natural ).
A teoria admite que quando uma força unilateral domina a vida consciente dos indivíduos por um período prolongado, uma outra contrária que lhe é oposta se cria e acaba por irromper e dominar inevitavelmente o consciente, em busca do equilíbrio perdido. O corpo que se prende e desprende, é prisioneiro deste ciclo criado pelas suas próprias forças.
Ao longo da história e da pré-história os animistas acreditaram que a matéria estava cheia de espírito. Porém, poderá um dispositivo computadorizado incorporar características que se acreditam iminentemente humanas?
Jung referiu que somente o homem capaz de se desligar do seu inconsciente, seria capaz de escapar a esta lei. Não obstante, será o “consciente” verdadeiramente o que nos distingue das máquinas? Recordemos Descartes que descreveu os animais como máquinas. Não faremos, cada vez mais, parte dessa descrição?

Keywords: Imagem corporal, Pirâmide Holográfica, Arte e Tecnologia.

Local: Espaço Lake II, Aveiro (2012).